1 de fevereiro de 2008

Sem vergonha

Os vereadores do Partido Socialista tomaram conhecimento, através da comunicação social, das declarações do presidente da Câmara Municipal a propósito da denúncia que o Partido Socialista fez à perseguição a que têm estado sujeitos alguns colaboradores da Autarquia.

Os vereadores do PS foram lamentavelmente insultados, ironicamente nas suas costas, pelo presidente da Câmara. Foi um insulto a despropósito e sem fundamento, indigno da posição pública que ocupa, que o devia envergonhar e que envergonha os Famalicenses.

Mas as declarações, apesar de insultuosas, não nos surpreendem: habituado a mandar e a ser obedecido, o presidente da Câmara convive mal com a independência e com a crítica, irritando-se com excessiva frequência e quebrando com muita facilidade o frágil verniz com que pretende escamotear o estilo conflituoso que cultiva quando se trata de lidar com quem tem uma opinião diferente da sua.

Os vereadores do PS, que, evidentemente, já se habituaram ao estilo, desvalorizam-no e carregam-no como um sacrifício adicional que têm de suportar para defenderem o que entendem serem os interesses dos Famalicenses. Seria impossível cumprirmos as nossas responsabilidades com independência e empenho se não fossemos capazes de relativizar muito do que o presidente afirma. O que ele diz nem sempre se escreve e a sua voz, frequentemente, não chega ao céu.

Apesar de, nestas declarações, ter deliberadamente ultrapassado os limites do combate político para recorrer ao insulto pessoal, os vereadores do PS percebem que o fez em desespero de causa. Confrontado quinzenalmente com a incompetência da maioria que lidera e que escolheu e com os problemas que ele próprio cria, o presidente não pretende senão desviar atenções e achincalhar publicamente os vereadores do PS procurando diminuir o trabalho que têm realizado na Câmara Municipal e que, está visto, o incomoda muito.

Continuará a incomodar. Mas sempre com elevação, com respeito pelo órgão autárquico que integram, pelos adversários políticos e pelos limites que a dignidade deve impor ao exercício da actividade política. Os vereadores do PS não estão, por isso, disponíveis para disputas públicas de insultos nem para baixar o nível da actividade política em Vila Nova de Famalicão.

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