9 de janeiro de 2008

Mais um empréstimo! - JV

Passados menos de três meses, a maioria PSD/CDS pretende recorrer, de novo, ao endividamento bancário: em Outubro passado aprovou a contracção de um empréstimo de 3 M€; hoje propõe um novo empréstimo de 2 M€. Ambos por um prazo de vinte anos.

Apresentamos em Outubro um conjunto de razões que justificaram a nossa abstenção. As mesmas razões de ontem justificam o mesmo sentido de voto hoje.

De facto, a proposta de contracção de um empréstimo de 2 M€, por um prazo de vinte anos, para a realização de um conjunto de pequenas obras não pode merecer a nossa concordância.

As obras a realizar com o financiamento bancário são, de novo, pequenas obras (do ponto de vista do seu custo) que uma boa gestão dos recursos financeiros normais permitiria pagar sem recurso ao crédito. Basta reparar que o seu valor global (2 M€), igual ao valor do empréstimo a contrair, não representa mais do que um terço da receita mensal do Município! E a maioria das obras demorará mais de um ano a ser realizada!

São, portanto, investimentos que podiam – e deviam – ser financiados pelos recursos próprios do Município. Uma boa gestão financeira reservaria a capacidade de endividamento para realizar investimentos que, pela sua natureza e dimensão financeira, não pudessem ser acomodadas no orçamento “normal”.

Mas não. Como é preciso deixar folga para recomeçar, brevemente, o rodopio de festas e foguetes e boletins municipais, há que acautelar meios para pagar o supérfluo - ainda que para isso seja preciso hipotecar o futuro.

A coligação, sem rasgo nem ambição, está a reduzir o Município a uma expressão imprópria da sua grandeza: até para fazer obras de 100 mil euros é preciso pedir dinheiro emprestado ao banco!

O ciclo de gestão da coligação está definido: pagar dividas nos dois primeiros anos do mandato, paralisando toda a actividade de investimento municipal, e fazer dividas nos dois últimos anos do mandato, para fazer pavimentações, arranjos de adros de igrejas e alargamentos de cemitérios. E festas.

Muitas Juntas de Freguesia fazem isto sem recorrer ao crédito bancário.

Evidentemente, não concordamos. E só não votamos contra a aprovação da proposta porque os Famalicenses não podem ser ainda mais sacrificados. Façam-se, ao menos, estas pequenas obras ainda que tenhamos, todos nós, e os nossos filhos, de as pagar durante os próximos vinte anos!

E alguém tem orgulho nisto?! Quem está disponível para defender isto?!

Etiquetas: , , , , ,