12 de abril de 2006

FAMAFEST 2006 (JV)

A proposta de atribuição de um subsídio de 70.000€ para a realização da oitava edição do FAMAFEST (2006) merece-nos as maiores reservas.

A criação do FAMAFEST (cuja primeira edição ocorreu em 1998, lembremos, por que não há na informação municipal a propósito deste Festival qualquer referência ao que se passou antes de 2002!), constituiu, por si só, uma novidade. Ao estabelecer a ligação entre Cinema e Literatura, a iniciativa ligou, com felicidade, Vila Nova de Famalicão com a 7.ª arte, criando uma linha temática própria que distinguiu este Festival de todos as realizações análogas existentes no País.

O Festival foi-se afirmando ao longo das suas primeiras edições, foi adquirindo um estatuto singular que, na nossa opinião, merecia ser acarinhado e desenvolvido.

No entanto, já em 2004 se tornou perceptível que algo deveria mudar: a novidade foi dando lugar à rotina, o Festival tornou-se centro de mais homenagens e de menos público.

Por isso, na altura da atribuição do subsídio para a edição de 2005, os Vereadores do PS reclamaram um novo fôlego para o FAMAFEST. O Festival estava a tornar-se numa iniciativa cultural cujo sucesso se avaliava pelo impacto nos media (e, para isso, justificava-se até a “importação” de “estrelas” brasileiras de duvidoso curriculum cinematográfico/literário) e não pela adesão do público, pela relevância da iniciativa para a divulgação do cinema (não só dos filmes) e da literatura ou pelos seus efeitos positivos na abertura de novos horizontes (profissionais, por exemplo) à juventude Famalicense. O Festival estava a deixar de ser interessante, estava a deixar de suscitar curiosidade. Deixou de ser atractivo.

A edição do ano passado veio confirmar o que se previa: pouco público, alheamento dos Famalicenses.

O FAMAFEST parece constituir já um fardo, uma obrigação, para o Município, que, cada ano, vai reduzindo o orçamento porque não sabe o que fazer com ele. E não merece ser visto assim.

O FAMAFEST precisa de criatividade. Precisa de maior ligação à realidade actual da produção, distribuição e exibição de cinema, que, oito anos após a primeira edição do Festival, é completamente nova.

O mundo, particularmente o mundo do cinema, evoluiu muito desde 1998 - mas o programa do FAMAFEST continua o mesmo!

Porque entendemos que o FAMAFEST tem um lugar próprio na actividade cultural promovida pelo Município (e o PS deixou isso claro no seu programa autárquico), porque entendemos que o caminho actual é o caminho que levará, por cansaço, ao fim do Festival, decidimos votar contra a aprovação da proposta apresentada à reunião de hoje.

Não é, fique claro, um voto contra o FAMAFEST – pelo contrário, é um voto contra a rotina coberta com algumas lantejoulas em que o FAMAFEST se tem transfigurado.