Reorganização da estrutura judiciária - JV
Os vereadores do Partido Socialista apresentaram na reunião
da Câmara Municipal de 6 de Junho passado, para discussão e votação, uma
proposta sobre os efeitos da “Reforma da Organização Judiciária” no Tribunal Judicial
de Vila Nova de Famalicão.
A previsão, fundamentada numa proposta do Ministério da
Justiça, de uma grave perda de competências do nosso Tribunal, justificou então
a nossa proposta de envolver os partidos políticos representados na autarquia,
todos, na defesa do Tribunal. Sinteticamente, propúnhamos que a Câmara
Municipal manifestasse ao Ministério da Justiça 1) não aceitar a proposta
revista (2ª versão) e 2) exigir ao Ministério que se mantenham as atribuições e
competências em matéria cível e criminal.
A coligação PSD/CDS impediu a discussão e votação da
proposta, remetendo-a para a reunião de hoje, para a qual agendou também uma
proposta sua. É essa proposta da coligação que está aqui em apreciação, naturalmente.
Sem perdermos muito tempo a avaliar o comportamento ético da
coligação, importa referir que a posição dos vereadores do PS foi devidamente
esclarecida em 6 de Junho: o assunto é de enorme relevância para Vila Nova de
Famalicão, pelo que o que é realmente importante é encontrar o melhor caminho,
os meios mais adequados, para pressionar a revisão da proposta do Ministério,
para que o Tribunal não perca competências. E parece-nos óbvio que a
manifestação pública da unanimidade de todos os partidos representados na
Câmara Municipal sobre esse assunto constituiria uma vantagem no “processo
negocial” supostamente em curso.
Infelizmente, a coligação entendeu que mais importante do que
a unanimidade era assegurar sozinho o controlo das “negociações”, num excesso
de zelo que só supõe uma injustificada preocupação de defesa do governo (da
mesma coligação). E, não querendo manifestar firmeza exigindo a revisão da
proposta do Ministério, resolveu contrapor uma proposta sua discorrendo sobre
lateralidades.
Os vereadores do PS gostariam muito, como reafirmaram
publicamente, de assegurar a unanimidade da Câmara Municipal na defesa do
Tribunal.
Por isso, lamentam profundamente que esta proposta da
coligação não seja mais do que um meticuloso exercício de busca de “progressos”
na “negociação”, traduzido num subserviente chorrilho de manifestações de
satisfação por “melhorias” que mantêm o Tribunal desqualificado nas suas
competências principais!
Isto é, a coligação, nesta sua proposta, propõe “considerar muito positiva a evolução das
competências do Tribunal Judicial de Vila Nova de Famalicão”, quando o
Tribunal está a perder competências fundamentais, mesmo não ganhando nada de
significativo em troca!
Como podemos concordar com uma “muito positiva evolução” quando o Tribunal não ganhou nada e
continua a perder competências fundamentais?!
Hoje, os Famalicenses podem tratar de todos os assuntos
judiciais no seu Tribunal. Amanhã, se for cumprida a vontade do governo, os
Famalicenses terão de se deslocar a Guimarães, com as suas testemunhas, tratar
dos seus assuntos mais complexos de natureza cível e criminal!!
Só não votamos contra a aprovação da proposta, porque ela
propõe “continuar as diligências em
curso” e, ainda, “solicitar à Senhora
Ministra da Justiça a marcação de reunião com o propósito de levar ao seu
conhecimento os contributos que resultem das diligências a realizar no âmbito
da análise do novo documento de trabalho”.
Pois levem então ao seu conhecimento! E oxalá a Senhora
Ministra tome conhecimento e retire daí as devidas consequências.
Vila Nova de Famalicão, 27 de Junho de 2012.